terça-feira, 3 de julho de 2007

Finalmente assisti "Barfly" de Barber Schroder


"Era legal que os astros do rock lessem meu trabalho, mas


sabia de homens nas cadeias e nos hospícios que também


liam. Não posso controlar quem lê o meu trabalho. Esqueça."


Charles Bukowski (1920-1994)






A internet, apesar de tudo, tem me proporcionado excelentes momentos ultimamente. Desde que descobri um excelente site, o Making Off, através da indicação de minha estimada amiga Eunice, destinado ao compartilhamento entre usuários de filmes das mais variadas tendências e teores (documentários, clássicos, terror, curtas, independentes, ação, etc.) tenho ocupado meu tempo aprendendo a utilizar os arquivos em formato Torrent, a utilizar as legendas nos arquivos AVI em que os filmes vem convertidos etc.


Fora essa tecnofagia maçante, o resultado final compensa quando depois de aguardar um dia pra baixar o filme "Barfly" (1987) do diretor Barber Schroder, com produção de ninguém menos que Coppola e com Mickey Rourke como Henry Chinaski (um dos vários alteregos do escritor Charles Bukowski). Simplesmente, eu passei 5 anos tentanto achar essa pérola nas locadoras e nada... muito raro por essas bandas.


Bem, Barfly, que literalmente significa mosca de bar significa, na gíria, alguém que bebe muito, que vive em bares. Nada mais apropriado para o Henry Chinaski, que representa o jovem Bukowski em fins da década de 60, sempre bêbado, sujo, desempregado e envolvido em brigas de bar, nas quais quase sempre leva a pior. Entre um porre e uma surra e outra, Henry escreve poemas existencialistas e contestadores bem na linha beatnik e ainda começa a namorar Wanda ((Faye Dunaway), uma mulher solitária, sempre bêbada e anti-social. O filme aborda, ainda, além do cômico e contudente estilo de vida desse gênio, o reconhecimento pelo seus trabalhos que tarda a chegar, mas vem e seu poder de mexer com a imaginação das mulheres, sempre topando uma aventura ou uma briga pelo velho safado.


Depois de noitadas nos bares, chegando em casa ensaguentado e faminto, as vezes, fugindo da polícia, escutando Mozart, brigando com vizinhos e bebendo whiskey com água ao acordar, Henry Chinaski é Charles Buhowski puro. Ácido e afiado como foram as escolhas feitas pelo escritor durante sua juventude, sobre a qual inspirou muitas passagens e temas da sua literatura, voltada para a crítica ao moralismo e puritanismo norte-americano e para o universo dos excluidos daquele modelo "perfeito" de sociedade.


Recomendo a vocês o site e o filme! Vale a pena. Para quem quiser conhecer mais sobre o velho safado, algumas indicações básicas recetementes editadas pela L&PM, em formato de bolso, bem traduzidos e baratos.
BUKOWSKI,Charles. O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio, 2003. (diário escrito 1991 e 93)
______. Numa fria, 2003. (contos)
_____. Notas de um velho safado, 2002. (crônicas, artigos e contos publicados no jornal alternativo Open City na década de 60)
_____. Hollywood, 1998. (romance que deu origem ao roteiro do filme Barfly)