quinta-feira, 8 de maio de 2008

O que faz do brasil, Brasil?


O que faz do brasil Brasil? Essa é a pergunta que Roberto DaMatta se propõe a responder e que o professor da disciplina "Cotidiano e lazer nas cidades", no mestrado, propôs que eu e os outros estimados colegas respondêssemos. O olhar antropológico de R. DaMatta sobre esta questão possue uma maior autonomia em relação aos questionamentos históricos que vem a minha cabeça quando encaro o título de seu texto. A idéia que de que a história social oferece uma visão “exclusivamente oficial e bem-comportada” (DaMatta, 2001, p.13-4) sobre essa questão da identidade nacional me fez remeter aquela velha discussão de que as vezes um diálogo entre historiadores e sociólogos parece um diálogo entre surdos mudos.

Pensar nas sensibilidades que conseguem untar em torno de alguns valores em comum, como o gosto pelo carnaval, futebol, praias, samba, etc. toda uma nação vasta, fragmentada e heterogênea em termos culturais como o Brasil é realmente algo complexo. Para mim, espécime de desajustado cultural então, que cultiva um verdadeiro pavor de carnavais, torcidas organizadas, exposição direta ao sol e a grupos musicais com mas de 5 integrantes ser brasileiro não se restringe a alguns paradigmas estabelecidos por um comportamento massificado.

Para DaMatta, ter “gosto pelas artes plásticas, visita sistemática a museus, amor pela música clássica, na falta de riso nas anedotas, no horror ao carnaval e ao futebol “ (DaMatta, 2001, p. 18) são padrões estranhos e incoerentes com a cultura e identidade brasileira. Nesse sentido, se o que nos faz sermos brasileiros é consumir cultura massificada, ter asco da história, estar sempre rindo, indo a estádios e bailes carnavalescos não precisaríamos de um nativo para falar isso, pois vários pensadores eurocêntricos já nos descrevem assim no dito velho mundo.

Para mim, ser brasileiro tem uma dimensão mais aberta... Ser brasileiro é o que me possibilita tomar um café forte ao acordar, discutir cultura francesa com colegas de ofício a tarde, almoçar uma feijoada e a noite tomar uma cerveja em um show de rock cantado em inglês. Em outros termos, é poder desfrutar de um cosmopolitismo sadio, realizador, com as vantagens e delícias de nossa cultura, mas sem me submeter a estereótipos que por mais nativistas e bem intencionados que possam parecer, espécie de auto-ajuda intelectual, acabam reproduzindo uma construção determinista e muito fechada sobre a identidade que em nome de um popularismo ingênuo, transforma estereótipos negativos em virtudes.

REFERÊNCIAS:

DAMATTA, Roberto. O que faz do brasil Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.