segunda-feira, 11 de maio de 2009

87 anos sem Lima Barreto



Lima Barreto (1881/1922) faria aniversário dia 13 desse mês. Sou suspeito pra tecer qualquer elogio ao escritor, pois é o meu favorito entre os brasileiros. Fadado a boemia, a noites infidáveis de andanças em lugares suspeitos e de baixa reputação, a semanas e semanas de bebedeiras e a uma vida sem reconhecimento, tendo sua candidatura a vaga na ABL ignorada, o único termo que define Lima Barreto é o de escritor maldito. Maldito por ter feito questão de afrontar o culto ao dicionário que os senhores de casaca e picinez, que frequentavam a Livraria Garnier no Rio, chamavam de literatura; maldito por ter sofrido na pele as rotinas sociais da opressão por ser mulato e pobre; maldito por criticar as futilidades e hipocrisias do liberalismo e se afirmar como anarquista, em um tempo que isso era motivo para deportações e exílios; maldito porque se abateu diante da sociedade e buscou refúgio no álcool como forma de evasão, até as últimas consequências. Segue algumas das minhas passagens favoritas que encontro em seu Diário Intímo:

"Eu sou Afonso Henriques de Lima BArreto. tenho vinte e dois anos. Sou filho legítimo de João Henriques de Lima Barreto. Fui aluno da Escola Politécnica. No futuro, escreverei a História da Escravidão Negra no BRasil e sua influência na nossa nacionalidade". (Diário Intímo, p. 33)

"Eu tenho muita simpatia pela gente pobre do Brasil, especialmente pelos de cor, mas não me é possível transformar essa simpatia literária, artística, por assim dizer em vida comum com eles, pelo menos com os que vivo, que, sem reconhecerem a minha superioridade, absolutamente não tem por mim nenhum respeito e nenhum amor que lhes fizesse obedecer cegamente". (Diário Intímo, p. 76)

"Enfim, a minha situação é absolutamente desesperadora, mas não me mato. Quando estiver bem certo de que não encontrarei solução, embarco para Lisboa e vou morrer lá, de miséria, de fome, de qualquer modo" (Diário Intímo, p. 172)

"No dia 30 de agosto de 1917, eu ia para a cidade, quando me senti mal. Tinha levado todo o mês a beber, sobretudo parati (cachaça). Bebedeira sobre bebedeira, declarada ou não. Comendo pouco e dormindo Deus sabe como. Andei porco, imundo" (Diário Intímo, p. 193)

"A segunda vez que estive no hospício de 25 de dezembro de 1919 até a 2 de fevereiro de 1920. Trataram-me bem, mas os malucos, meus companheiros, eram perigosos. Demais, eu me imiscuia muito com eles, o que não aconteceu daquela vez que fiquei de parte" (Diário Intímo, p. 213)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sitrans de Campina Grande versus mestrandos e doutorandos



Campina Grande tem mania de metrópole, tem mania de grandeza a começar pelo nome... Campina tem mania de megalomania. Mas não importa, sempre será uma província. Uma província cujas elites não passam de caboclos querendo ser ingleses, como já cantava nos perdidos anos 90, aquele mauricinho desafinado, metido a poeta e a politizado chamado Cazuza.Campina é uma província na qual se faz de tudo para que o jogo continue de cartas marcadas, mesmo que seja através de concursos, eleições, debates e qualquer outra prática que se tenha como democrática.
Uma das coisas na cidade que me deixa profundamente incomodado é a questão do monopólio no transporte público exercido por certas empresas ligadas a partidos e grupilhos políticos locais. O Sindicato de TRansportes Públicos de Campina Grande, o SITRANS, tem mania de tratar os estudantes da cidade como gado. Isso mesmo, não existe outra definição ou caracterização para o tratamento que dão a quem precisa ir até a sede de tão grandiosa instituição para ter garantido seu direito básico a meia passagem nos ônibus. O setor de atendimento ao público fica no primeiro andar e, ontém, cheguei a ficar UMA HORA E MEIA na fila esperando atendimento, em uma sala que fazia um calor infernal. Os 3 patéticos ventiladores que eles colocam para arejar o local não serve nem pra disfarçar o mormaço e a catinga de suor que as pessoas começam a emanar quando se passa mais de cinco minutos ali dentro. O tamanho do absurdo é grande: ontém quando eu estava lá, uma menina desmaiou e foi retirada por outras pessoas para ser atendida do lado de fora, tamanho era o calor lá dentro.
Se alguma parte dos lucros desse aumento absurdo que houve de 1,70 na tarifa urbana, em uma cidade do tamanho de um ovo é abusurdo, fosse usado em forma de retorno no atendimento público, isso poderia ser evitado. Mas que retorno ao público que nada... Anchieta Bernardino tem coisas mais importantes pra se preocupar, como por exemplo, negar o direito a meia passagem de uma parcela dos estudantes que seriam aqueles que estão na pós-graduação.
Pois é, para o sapiente chefe do SITRANS, os pós-graduandos não são estudantes. Eu poderia dizer que as pessoas, no geral, são estudantes a vida toda, talvez não pessoas como ele, claro. Mas isso é outra história. Segundo o DCE da UFCG, estão sendo feitas negociações entre a instituição dos estudantes e a dos vampiros, ops... quer dizer, sindicalistas. Nesse ínterim, como mestrando não tenho direito a me locomover pela cidade com a meia passagem. Espero que meus 1,70 estejam, pelo menos, servindo pra complementar o whiske dos empresários de transportes que financiaram a campanha do prefeito e do superintendente do SITRANS, já que pra manter de pé este absurdo é capaz até de articular conspirações nefastas com o PROCON. Eu só digo uma coisa: vai gostar de 1,70 assim na casa do satanás, infeliz!