domingo, 3 de fevereiro de 2008

O albergue 2: a apologia da tortura







bom, continuando na minha onda de crítico de cinema, vou falar um pouco sobre as impressões que tive ao assistir a sequência do aclamado (ao menos no âmbito dos filmes de terror) O Albergue, apresentado pelo Quentin Tarantino e dirirgido pelo Eli Roth.




O Albergue 2 continua seguindo, basicamente, a mesma fórmula do primeiro, expondo jovens mochileiros, de boa aparência, em busca de territórios exóticos para explorar, de sexo e, porque não, até de cultura. o diferencial é que não são mais 3 caras norte-americanos que são se hospedam em um albergue acolhedor e depois são sequestrados e tornam-se vítimas dos momentos de terror na velha fábrica abandonada localizada em alguma cidade do gelado leste europeu. Dessa vez, 3 mulheres da terra do tio sam é que são atraídas por uma modelo para passarem uma temporada no famigerado recinto.



Essa versão, particularmente, me deixou mais chocado que a primeira. Talvez seja a mescla de um acompanhamento mais detalhado do psicológico tanto dos torturadores, que são ricaços entediados e frustrados que escolhem suas vítimas através da foto do passaport, enviada pelo recepcionista do albergue on line em um leilão restrito aos membros de uma sociedade secreta (Elite Hunting) que camufla suas atividades controlando uma ampla trama de poder e se passando por um clube de caçadores, com cenas de tortura e atrocidades cruelmente mais requintadas. banho de sangue, canibalismo, esquartejamento, decaptações, etc. entram no rol de atrocidades que aparecem no longa.



Mas o que eu gostaria de ressaltar mesmo é que Eli Roth tentou se superar mesmo, pra começar contando com a participação especial e ajuda do italiano Ruggero Deodato, o diretor do clássico trash, que virou cult, chamado Cannibal Holocaust lançado nos anos 70. Ruggero aparece em uma das celas da velha fábrica, comendo pedacinhos da perna do ator Stanislav Ianevski enquanto o rapaz, imobilizado, agoniza e também, colocando nos extras, um documentário sobre a historicidade da tortura conduzido pelo curador do museu da tortura da Itália. Nesse sentido, vale a pena refletir junto com a fala do diretor que questiona até onde o filme choca por tratar-se de um filme que representa a tortura, quando na verdade, convivemos no cotidiano com práticas de tortura institucionalizadas e aceitas socialmente por estarem direcionadas a minorias e segmentos políticos marginalizados, como as que acontecem na prisão americana situada em Cuba, onde presos são submetidos a tortura para confessarem os crimes de que são acusados... princípio que prevalecia também nos interrogatórios da inquisição da Idade Média.



Abu Ghraib: tortura contra presos políticos dos Estados Unidos

O albergue 2: uma incursão as frustrações e paranóias

de uma sociedade em crise.

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