quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre anônimos e o anonimato


Bom, devo frisar bem antes de minha argumentação é que o que mais gosto de fazer com uma "crítica" é respondê-la. Afinal, tudo continua sendo balela ainda... Para começar, deveria ser eliminado este escudo de toda patifaria literária chamado anonimato. Nas revistas literárias ele foi introduzido com o pretexto de proteger os boçais críticos, os vigias do público, contra a ira dos autores e de seus protetores. Só que, a cada vez que se apresentar um caso desse tipo, houve centenas de outros em que o anonimato serviu apenas para tirar toda a responsabilidade daquele, nesse caso, daquela, que não pode defender o que afirma, ou até mesmo para ocultar a vergonha de uma pessoa que é suficientemente corrupta e indigna a ponto de precisar falar de modo velado. Muitas vezes, e acredito que principalmente nesse caso, o anonimato serve apenas para camuflar a obscuridade, a insignificância e a incompetência da crítica. É incrível o descaramento de certos tipos que não recuam diante do rídiculo quando estão em segurança, nas sombras do anonimato.
Vamos lá: velhaca diga seu nome! Pois atacar encapuzada e disfarçada as pessoas que passeiam mostrando seus rostos não é algo que uma pessoa ética faça. Frisando bem: apenas patifes e canalhas agem assim. (Probatum est - está provado).
Rousseau já disse, no prefácio para o ro mance Nova Heloísa: "tout homme doit avouer les livres qu´il public", ou seja, todo homem honesto deve assinar os livros que publica. A afirmação vale mais ainda para opiniões polêmicas. Nesse caso, um adversário que mostra sua cara abertamente é uma pessoa honrada, moderada, com a qual seria possível até um relativo entendimento ou um acordo; em compensação, uma adversária escondida é uma patife covarde, que não tem a coragem de assumir seus julgamentos, portanto alguém que não defende sua opinião, mas se interessa apenas em descarregar sua ira sem ser reconhecida, ou sofrer retaliações. Afinal, seria tolerável se uma pessoa mascarada provocasse o povo, ou quisesse discursar diante de uma multidão? E nesse caso, atacando e cobrindo os escritos de outra pessoa de censuras? Será que seus passos em direção a porta dos fundos não seriam pertinentimente apressados por alguns justos pontapés no seu traseiro?
Um "crítico" anônimo é um sujeito que usa da estratégia execrável de atacar escritos de outra pessoa que não escreveu anonimamente. É simplesmente uma pessoa que não quer assumir o que diz ou o que deixa de dizer ao mundo acerca dos outros e seus trabalhos, por isso não assina. Todas as falas anônimas são suspeitas e carregadas de falsidade e hipocrisia. Nesse caso, o anonimato não é a fortaleza segura de toda patifaria pseudo-literária e pseudo-intelectual? De minha parte, prefiro estar bêbado e sequelado em uma casa de jogos ou de um bar medíocre a andar por aí dando uma de crítico anônimo.

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