terça-feira, 16 de março de 2010

Uma nota de luto sobre Glauco Villas Boas.



A notícia que foi veiculada no dia 12 de março desse ano, divulgada em um telejornal de uma grande rede televisa, famosa por propagar um culto religioso que mais parece cultos ao dinheiro, de que o cartunista e, como eles, da Record, mencionaram, "líder espiritual de uma seita", foi morto, juntamente com seu filho, me deixou chocado. Sabe, mais do que esse crime hediondo e sem justificativa plausível alguma, me choquei pela forma maniqueísta e covarde que esse canal televisivo insinuou atribuir como causa do assassinato de Glauco, o fato do homicida ter participado de alguns trabalhos do Santo Daime em São Paulo, na Igreja Céu de Maria, que era gerida por Glauco. Como se essa "seita" reunisse pessoas desasjustadas que sobre os efeitos de um alucinogéno estivessem propensas a cometerem crimes. Isso não existe e pensar dessa forma é um desrespeito a memória de Glauco, sua história e todo o trabalho espiritual que desenvolveu quando se tornou daimista.

O Daime é uma doutrina de amor, união e alimentada pelos mais nobres preceitos humanistas, capaz de forjar laços de solidariedade entre as mais diversas pessoas, das mais variadas etnias, credos e origens. Sâo ensinamentos muito sofisticados que foram transmitidos para um povo simples, habitantes da floresta amazônica, mas que atendem em cheio as nossas carências espirituais - carências de um povo que é preparado para a vida na cidade, na qual prevalece a corrupção destemperada e o arrivismo desenfreado. Nesse sentido, o próprio Glauco encontrou sua redenção, pois, quando jovem, flertou com ideais que pregavam a discriminação de nordestinos e negros e acabou se tornando representante de uma religião fundada por um negro que veio do Maranhão para trabalhar nos seringais da Amazônia. Isso só prova o quanto o Daime pode mudar para melhor a vida das pessoas, as tornando mais tolerantes e humanas.

É em torno da orientação de curar e auxiliar aqueles qie, por uma ignorância muito grande, estão perdendo tempo com uma existência fútil, desregrada e auto-destrutiva que pessoas com problemas com drogas são recebidas nas missas do Santo Daime. Pessoas como o assassino de Glauco, que foi recebido e tratado de forma generosa pelas pessoas fardadas. O que acontece é que existem aqueles que não sabem interpretar os ensinamentos enviados pelo astral e se encaminham para o lado da loucura, da psicóse. O assassino de Glauco não estava procurando seguir uma vida espiritual, mas, sim, estava em busca de uma "curtição, de "se chapar". Constatando que o Santo Daime não é o lugar propício para esse tipo de coisa e o quanto pesava a sua insignificãncia e falta de orientação, quis ser chamado de "Jesus" por uma pessoa extremamente altruísta. Como não o foi, cometeu um crime hediondo. Perderam a vida diante dessa insanidade pai e filho. Acredito em karma e acredito na justiça de Deus. Mas também creio que o que aqui se faz, aqui se deve pagar. Espero que a justiça dos homens faça com que esse homicida frio e desprezível não tenha mais chances de fazer tanto mal a ninguém. É isso que a sociedade espera.

As pessoas que sentiram dor e revolta com essa morte inesperada, eu desejo, que, sinceramente, busquem forças para continuar o trabalho filantrópico e espiritual desenvolvido por Glauco no Céu de Maria. Essa é a melhor forma de manter viva a sua memória e de que seu espírito possa sentir um pouco de conforto depois de uma partida tão trágica.

Como fragmento dessa nota de luto, posto o aúdio de uma homenagem feita pelo Padrinho Alfredo, no céu do Mapiá, ao Glauco e Raoni.

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