sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Campina Grande as vésperas do 2o. turno...

É incrivel como o sociólogo Georges Balandier está com toda razão quando evoca o cárater teatral, na obra "O poder em cena", das manifestações políticas das sociedades ocidentais. Campina Grande, a província que tem aspirações metropolitanas, em muito incorpora, nos dias que antecedem, e mais ainda, na data das eleições, essa carnavalização grotesca e bizarra que visa a preservar ou derrubar um governo existente.
No cotidiano da cidade, são apresentadas diante dos olhos daqueles que tem um pouco de bom senso, um espetáculo do absurdo, que vai desde a compra descadarada de votos, o envolvimento das forças policiais que estão agindo em nome do Governo como verdadeiros cabos eleitorais (essa semana, um escandâlo implodiu: um ambulante que tocava em seu som uma música provocativa cuja letra possui trechos assim: "Lá vem o gordo barrigudo embolando pelo chão/ com Cássio Cunha Lima com o chicote na mão"... chegou as vias de ser preso pela PM, por causa da manifestação e poderia ter sido, se a população que estava na hora do incidente, não tivesse se revoltado contra a truculência dos PMs e impedido o abuso de autoridade).. falo particularmente nesse absurdo porque, se fosse por isso, quero que meu vizinho, que possui um lava-jato aqui na Liberdade, também seja preso, pois nos finais de semana incomoda toda a vizinhança, com um som altíssimo, tocando uma música com o seguinte jargão: "Lá vem o cabeludo correndo da multidão/ pega essa ladrão, esse enrolão"... sei não, a "letra" é nesse tom... tão provocativa quanto a que chama Rõmulo Gouveia, o gordo, de mulher submissa... portanto, prendam logo num estádio toda a populaçáo de Campina Grande que escuta essas duas porcarias e as usam para acirrar os ânimos entre os que estão com o atual prefeito, Veneziano, o cabeludo, que possui a acessoria mais arrogante do mundo, formada por meia dúzia de egos presunçosos da universidade, e os que querem ceder o poder aos coroneizinhos da oligarquia Cunha Lima novamente.
Pois é, a mentalidade dos campinenses é meio confusa... se por hora, a maioria celebra um viaduto construido na cidade que não serve para absolutamente nada... que só serviu para encher os bolsos de dinheiro público do seu realizador, criticam o sistema de integração de ònibus feito pelo prefeito, que é uma verdadeira revolução na cidade, pois até onde eu saiba, a administração dos Cunha Lima, apadrinhada por empresários da rede de transporte coletivo, só se preocupou em aumentar passagens, nunca em facilitar a vida dos usuários do transporte público. Em João Pessoa, Ricardo Coutinho realizou esse projeto de forma magistral e é notável como ganhou a adesão da população, que com certeza é menos encabestrada.
Não digo aqui que o prefeito seja um santo, apesar de aparecer no programa eleitoral com a música de fundo sendo idêntica a da "Paixão de Cristo". Faltou esquecer um pouco aquela palhaçada que os evangélicos estão fazendo aqui nos dias de carnaval, a "Consciência Cristã", para atacarem os frequentadores do "Encontro da Nova Consciência" e ver mais esse lado alternativo da cidade, que necessita de investimentos também.
Fico por aqui, a minha opinião é que, qualquer um sabe, que estruturalmente, Campina Grande melhorou e em muito nesses quatro anos. Mas esse continuismo da mentalidade que prevaleceu na funesta ditadura militar, na qual só se investiam em obras faraônicas, não é suficiente para resolver o que temos de mazelas em termos sociais. Como já disse, aqui o que motiva as pessoas a efetuarem prisões, a brigarem nas ruas, a se provocarem e a praticarem toda uma sorte de hostlidades umas as outras em tempos de pleito político é mais interesses pessoais do que qualquer ideal democrático...
Para mim, álias, o mais rídiculo de tudo é ver um cientista político dando entrevista aqui, vomitando uma série de dados estatísticos, se achando o próprio gurú da racionalidade científica: a mãe diná das porcentagens: "fulano de tal tem 50% de chances de perder, cicrano, com 40% de eleitores, não é democrático, blá, blá, blá...". Enquanto isso, pelo menos, na historiografia, há mais de 3 décadas que já se percebeu que a abordagem serial e quantitativa, estruturalista, não resolve ou não ajuda muito a solucionar os problemas das disciplinas que giram em torno das humanidades. Enfim, por favor, que chegue e acabe logo de uma vez o 26 de outubro, porque paciência tem limite...

Escolham aí: o candidato das melenas sedosas...


... ou o candidato da Vila do Chaves, Sr. Barriga:

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